O nome de Tomás Ribeiro (e assim de Parada de Gonta) também está ligado ao Concelho de Oeiras pois passou períodos da sua vida na Feitoria, junto da Torre de S. Julião da Barra, e em Carnaxide.Aqui veraneou vários anos e adquiriu, em 1882, a «Casa Branca» de que tanto gostava. Na «Casa Branca» recebeu El-Rei D. Luís e importantes figuras do mundo intelectual e politico daquela época. Relacionada com a Sr.ª da Rocha, Linda-a-Pastora e Linda-a-Velha, deixou-nos o poeta, no campo literário o «Mensageiro de Fez», poema cuja complicada acção se inspira na nossa História e se desenvolve em torno da «Senhora Aparecida» numa gruta do Jamor. Esta obra foi editada um ano antes da morte de Tomás Ribeiro mas a primeira parte, «A Rocha», tinha sido publicada anteriormente.
Escreve Tomás Ribeiro acerca da sua obra:
«A Rocha é a nota principal deste poema, vive entre os meus grandes amores. Esta devoção que se esconde aqui no fundo desta concha florida e esmaltada, na sua ermida singela e cariciosa, com a sua fonte cristalina, a sua gruta misteriosa, o seu rio murmúrio e transparente, o seu jardim que ajudei a cultivar, onde tanta vez passeei, longe do bulício das multidões, conversando com o jardineiro e as flores, sondando os segredos daquele monte guardado pela imagem da Virgem Mãe, longe de olhos que me não espreitassem rindo, levo eu no coração.
Como este sítio é bom e esta paisagem bela
como é bonita a ermida
tão nova e tão singela
em honra dela erguida!
A casa de Maria – a nossa mãe divina!
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Junto à ermida a fonte ampla, abundosa,
límpida, cristalina;
em torno, o seu jardim tela divina,
cheia de tanta sombra e tanta rosa!
Dir-se-ia que ao nascer e ao pôr do sol,
nesta amena solidão deliciosa
em cada brando arbusto e em cada flor
descanta um rouxinol
canções à Virgem Mãe na sombra deleitosa.
Abraçando o jardim corre o Jamor,
o rumoroso rio,
colar de per’las finas, e brilhantes,
coro às aves, no brando murmúrio.
De montante uma ponte ampla e formosa
seus braços descansando em dura penha,
a solidão contempla e ouve os segredos
das aves e do rio. Do outro lado…
vê-se e ouve-se… - Ó Deus! Sítio encantado!
a faiscante cascata duma azenha
entre uma densa moita de arvoredos.
Paraíso terrestre
de perenal idílio!
– Arva dultia – digníssimos do mestre!
– da avena dos pastores de Virgílio! –
…
- Bibliografia:
Antologia Poética – Organização, prefácio e notas de José Valle Figueiredo – Edição da CMTondela, Maio 2001