Para todos os que passarem por aqui, especialmente nesta quadra Natalícia, Parada de Gonta envolve-vos com um Forte Abraço de Amizade deixando nele os Desejos Profundos de Um Santo e Feliz Natal e um Ano de 2005 cheio de Esperança, Amor, Saúde e muita Solidariedade com todos aqueles que, por uma razão ou por outra, ainda não conseguiram vislumbrar a Luz dos verdadadeiros Valores da Vida!
Ladeada pelas serras do Caramulo e Estrela, em Parada de Gonta é vasto o panorama e deliciosa a perspectiva. Em pleno Dezembro, o cenário oferecido ao longe pela imponente Serra da Estrela é de facto fantástico. A neve abunda e contrasta com o azul celeste!
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Nota: Hoje, dia 08 de Dezembro de 2004, cumpre-se uma data importante para a recuperação desta Capela. Devido ao adiantado estado de degradação, a Fábrica da Igreja entendeu lançar uma campanha para a sua reconstrução. Foram feitas algumas obras, nomeadamente no telhado, nas paredes interiores e exteriores e uma Casa de Banho. Faltava agora recuperar o interior artístico: o altar e toda a pintura necessária da sua decoração dourada. Para o efeito, seriam necessários alguns milhares de Euros, que não seria fácil conseguir sem a ajuda Governamental. Ela chegou pela mão do Senhor Secretário de Estado da Administração Local, Dr. José Cesário, por solicitação da Fábrica da Igreja e Junta de Freguesia, através do forte e decisivo apoio da Câmara Municipal de Tondela. Às 11:00 H, na sede da Junta de Freguesia, foi assinado o protocolo de apoio financeiro no valor de 24.234 . Assim, em breve, com a colaboração sempre generosa da população e de outras Entidades, vamos ver a Capela de Nossa Senhora da Conceição, com a dignidade que merece!
Representante categorizado da segunda geração ultra-romantica, para muitos o principal agente da dissolução do ultra-romantismo, Tomás António Ribeiro Ferreira, nasceu em Parada de Gonta a 1 de Julho de 1831. Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, de onde sai em 1855 deixando à entrada do Penedo da Saudade um poema de despedida que ainda hoje ali se encontra, numa das muitas rochas:
«Não vê a Terra allumiada
Dos astros do firmamento,
Quem leva a mente abrasada
Nas chamas dum pensamento.
Dormia inteira a cidade,
Ao Penedo da Saudade
Levou-me o destino meu;
Tudo era melancholia,
Vall!!!-perfumes!-harmonia!
Aves, flores, prado e Céu.
Olhei esse Éden para mim perdido,
Jardim florido de saudade e amor!...
Era a shaida do paiz do encanto!!
Não tive pranto, que afogasse a dor!!
Em cada roble que povoa o monte,
Na flor, na fonte, ao luar, no Céu,
Reli as folhas de truncada história,
Triste memória do que já foi meu.
Adeus ó templo de perennes prantos,
Que tens por cantos lacrimosos ais,
Vim tantas vezes suspirar contigo!...
Ai vallamigo!-para nunca mais!»
Autor de várias obras literárias das quais se destaca o D. Jaime, publicado em 1862 e inspirado nas rivalidades entre Portugal e Espanha. Há quem o considere como o Poeta lírico mais representativo da dissolução da corrente que vinha desde o Trovador e iria findar com a questão Coimbrã, no plano doutrinário, e com a poesia de João de Deus, no plano lírico. Embora tivesse chegado a ser visto como um poeta «realista», discípulo de Baudelaire, o certo é que Tomás Ribeiro, nada deve ao mestre das Flores do Mal e nada tem a ver com os precursores da Escola Nova. Além do D. Jaime, publica ainda, entre outras, as seguintes obras:
- A Delfina do Mal (poesia) 1868
- Sons que Passam (poesia) 1868
- A Indiana (entreacto em verso) 1873
Tomás Ribeiro ocupou vários cargos públicos de relevo:
- Presidente da Câmara Municipal de Tondela
- Deputado
- Governador Civil do Porto e Bragança
- Secretário Geral do Estado da Índia
- Ministro de várias pastas (Obras Públicas, Industria, Comercio, do Reino, Marinha
)
- Vice-Presidente da Academia das Ciências
- Presidente da Junta do Crédito Público
- Par do reino
-...
O jornalismo também fez parte da sua vida. Colaborou na Gazeta de Portugal, Gazeta Comercial, Artes e Letras, Brasil-Portugal, entre outros. Com Luciano Cordeiro e outros, fundou em 1885, o semanário político Republicas, do qual foi Director Político e Camilo Castelo Branco Director Literário. Lançou ainda os diários O Imparcial e Opinião.
Parada de Gonta inspirou-lhe lindos Poemas e Tomás Ribeiro sempre que podia, passava pela «Aldeia Formosa», saciando as saudades e ganhando novas energias para servir a sua Pátria que também cantou em muitas das suas obras:
«
Meu Portugal meu berço de inocente,
Lisa estrada que andei débil infante,
Variado jardim do adolescente,
Meu laranjal em flor sempre odorante,
Minha tarde de amor, meu dia ardente,
Minha noite de estrelas rutilante,
Meu vergado pomar de um rico Outono
Sê meu berço final no último sono!
(
)
Jardim da Europa à beira-mar plantado
De louros e de acácias olorosas,
De fontes e de Arroios serpeado,
Rasgado por torrentes alterosas,
Onde num cerro erguido e requeimado
Se casam em festões jasmins e rosas;
Balsa virente de eternal magia
Onde as aves gorjeiam noite e dia
»
Parada de Gonta sempre viveu no coração do Poeta. Foi o seu berço na vida e nas letras. Tomás Ribeiro tornou-a Freguesia em 29 de Maio de 1884; dotou-a de uma Escola Primária, dando-lhe o nome do então Primeiro-ministro Fontes Pereira de Melo; doou a casa onde nasceu para ser instalada uma Estação de Correios (que ainda hoje ali se localiza); conseguiu a Estação de Caminho de Ferro tendo Presidido à sua inauguração (1885) como Ministro das Obras Públicas; a Igreja Paroquial que inaugurou em 1894.
Tomás Ribeiro faleceu em Lisboa no dia 6 de Fevereiro de 1901.
No ano de 1981, num dos característicos Postais de Parada de Gonta escritos pela neta do Poeta, Dna Cristina de Gonta Colaço no Jornal Folha de Tondela (n.279), refere que havia encontrado em Parada de Gonta, na casa de família e nos papéis que arrumava, um envelope contendo os seguintes dizeres:
«No dia 13 de Agosto de 1907, foram exhumados do modesto coval do Cemitério dos Prazeres os ossos do meu saudoso páe. Assisti eu, o Jorge e o meu tio Francisco Calvente. A pequena urna ficou depositada no jazigo deste último, tendo aparafusada uma chapa com o número 25.141. Dali seguirá para Parada de Gonta, conforme era desejo do grande poeta Thomaz Ribeiro, de quem eu sou filha saudosíssima. Branca de Gonta Colaço».
Em 1982, comemorando o 150.º aniversário do nascimento do Poeta, Parada de Gonta prestou-lhe a merecida homenagem, efectuando-se a transladação dos seus restos mortais para um jazigo, que então foi construído, no Cemitério da sua «Fresca Aldeia Formosa».
PJ - 30.01.72
FT - 11.11.81
TR - D.Jaime